Ao longo dos anos, com o avanço da tecnologia e das práticas de inovação, o direito do trabalho passou por diversas mudanças. Com isso, criou-se uma necessidade de valorar informações de processos, não só por meio das peças e movimentações processuais, que fazem parte do tradicional papel do advogado, mas também de coletar e apresentar dados e indicadores e, com isso, praticar melhorias na gestão de processos e da rotina trabalhista de empresas.
A correta e estratégica extração de dados é crucial para uma maior compreensão e aprimoramento do direito trabalhista aplicado à atividade empresarial, pensando na identificação da causa raiz dos principais problemas apontados nas reclamações trabalhistas, em aprimoramentos preventivos para trabalhos consultivos e, claro, na sensível condução do contencioso, a fim de reduzir a carteira, assim como alcançar e demonstrar o esperado proveito econômico ao longo do tempo.
Indicadores são fundamentais para que, além de peças e diligências processuais para a condução dos casos em litígio, o advogado consiga fazer uma análise das tendências do mercado de trabalho, mapeamento das decisões judiciais existentes e dos laudos periciais disponibilizados, avaliação do cumprimento das normas trabalhistas nas empresas, identificando os principais pontos sensíveis que ensejam as reclamações, para além de calcular de maneira mais exata quanto valem as ações, assim como o trabalho do jurídico, e até mesmo disciplinar, para acordos e estratégias assertivas, entre outros.
Com a extração desses dados, a empresa consegue enxergar valor no trabalho que vem feito internamente para melhorias da atividade empresarial, e na assessoria jurídica contratada, especialmente quando demonstrado o proveito econômico (redução de contingência e/ou provisão) mediante decisões de improcedência, condenações parciais e negociações de acordo.
Para o cliente, os indicadores gerados por meio dos dados são imprescindíveis para que se compreenda a queda ou o crescimento de ações ao longo dos anos, a identificação dos pontos mais sensíveis de cada planta, assim como a probabilidade de êxito ou perda de determinada ação, com apontamento de risco e valores para fins de auditoria.
Além disso, uma empresa com uma carteira de processo maior consegue entender com mais facilidade e de forma estratégica quais os pontos de melhorias dos pedidos mais recorrentes, facilitando a sinergia com o jurídico interno e/ou com a assessoria de um jurídico externo focado em demandas consultivas. Igualmente, é possível a compreensão de quais ações são mais favoráveis e em quais há necessidade estratégica de, quem sabe, se pensar em um acordo, para gerar uma economia financeira e de tempo.
Dando visibilidade aos dados, é possível que a empresa entenda, de forma mais prática, os avanços e percalços de seus processos na Justiça do Trabalho, olhando para passado, presente e, até mesmo, futuro.
Atualmente, não existe assessoria jurídica contenciosa sem o uso de analytics, de modo que a atuação do advogado trabalhista não mais se resume em, processualmente, cumprir prazos judiciais para minimizar impactos em um processo em si, mas sim em ter um olhar amplo, estratégico, da carteira como um todo, sendo um facilitador para que as empresas entendam os pontos de melhoria já realizados ao longo do tempo e aqueles que ainda precisam de maior atenção, a fim de alcançar êxito a curto e longo prazo.
E, por êxito, falamos não apenas do sucesso financeiro pensando em decisões de futuras reclamações trabalhistas, mas também da possível redução da carteira trabalhista (redução do ajuizamento de ações) e, claro, do bem-estar dos empregados e da função social da empresa, com a promoção de um ambiente de trabalho saudável, zeloso, refletindo a imagem que toda empresa sonha ser: o lugar ideal para se trabalhar.
Assim, essa captação de dados e análise de indicadores são “uma carta na manga” para que o advogado e a empresa consigam identificar os problemas recorrentes, os “pontos fora da curva”, além de mapear e quantificar o impacto das decisões favoráveis e desfavoráveis no Judiciário, sempre pensando em estratégias de melhoria tanto na condução do processo, quanto no dia a dia da empresa.
Contudo, é essencial que se garanta a qualidade e integridade dos dados coletados, que devem ser corretamente apontados e bem conservados, além, claro, da privacidade dos empregados e empregadores, pensando até mesmo na LGPD.
O advogado deve fazer o uso desses dados e indicadores de maneira ética e responsável, entendendo a particularidade de cada empresa e personalizando, no que for possível, os indicadores para que juntos alcancem os maiores níveis de satisfação.