COMBATE AO BURNOUT: ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS EM DESTAQUE NO SETEMBRO AMARELO

O “Setembro Amarelo” é uma campanha criada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), que é realizada desde 2015, tendo como objetivo principal a discussão de medidas preventivas que rodeiam o tabu envolvendo o suicídio e as doenças mentais. Com o advento da pandemia, e maior espaço para a discussão da saúde mental, houve o reconhecimento da síndrome de burnout, conhecida como síndrome de esgotamento profissional. Esse é um problema em crescimento que afeta não apenas os trabalhadores, mas também os empresários e gestores.

A pressão constante, as altas expectativas e a busca incessante por resultados podem levar os profissionais a enfrentarem esse sério problema. Nesse contexto, a adoção de medidas para proteger a empresa contra o burnout é essencial, garantindo assim o bem-estar e o sucesso sustentável.

Mas afinal, o que é o burnout? A condição é caracterizada por exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal no trabalho. Atualmente, no mercado de trabalho, os funcionários frequentemente estão sujeitos a um alto nível de responsabilidades e estresse, o que pode levar a sintomas de burnout. Reconhecer os sinais precoces, como a sensação constante de cansaço, irritabilidade e queda na produtividade, é crucial para evitar a escalada do problema.

No Brasil, a síndrome é codificada como QD-85 na CID-11 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde). Para fins práticos, se um trabalhador for diagnosticado com essa síndrome, ele terá direito a um período de 15 dias de afastamento remunerado.

Além disso, se o afastamento for necessário por um período mais longo, ele receberá o benefício previdenciário fornecido pelo INSS, conhecido como auxílio-doença acidentário. Esse benefício também assegura a estabilidade temporária, o que significa que o indivíduo não poderá ser dispensado sem justa causa nos 12 meses subsequentes ao seu retorno ao trabalho.

Apesar de ser necessário que a doença relacionada ao trabalho tenha uma conexão direta com a ocupação, essa conexão não precisa ser exclusiva. Em outras palavras, a doença pode ter origem em diversos fatores, mas ainda assim estar relacionada ao trabalho, como um fator agravante, caracterizando a concausalidade.

Portanto, caso seja devidamente comprovada a parcela de responsabilidade do empregador, conforme atestado por um médico, este fica sujeito a responsabilidade civil, de acordo com as disposições dos artigos 8º, § 1º, 223-B e 223-E da Consolidação das Leis do Trabalho, bem como os artigos 186, 927 (caput), 932 (inciso III) e 933 do Código Civil.

Nessa toada, as empresas estão sendo cada vez mais compelidas a promover um ambiente saudável aos seus colaboradores, que não veem mais o salário como única forma de permanecer dentro do ambiente de determinada empresa. Sendo assim, uma cultura organizacional que promova o apoio mútuo e o respeito pela saúde mental é fundamental.

Entre as estratégias mais eficazes para proteger os colaboradores contra o burnout está garantir um equilíbrio saudável entre a demanda e os recursos disponíveis. Isso inclui a alocação adequada de tarefas e responsabilidades, bem como a consideração das limitações individuais e da equipe. As empresas devem encorajar a abertura e a comunicação sobre o estresse e as pressões do trabalho, tanto por parte dos líderes quanto de seus funcionários. Isso cria um ambiente em que os desafios podem ser enfrentados em conjunto, reduzindo a sensação de isolamento e o agravamento do burnout.

Além disso, estabelecer limites claros entre o trabalho e a vida pessoal é essencial para evitar o diagnóstico. Criou-se uma cultura em que frequentemente as pessoas têm dificuldade em desconectar-se do trabalho, mas é importante reservar tempo para atividades fora do ambiente profissional que proporcionem relaxamento e recuperação. Definir horários de trabalho razoáveis, bem como períodos de descanso e férias, é crucial para manter o equilíbrio.

Um ponto importante para o incentivo à saúde e bem-estar dentro do ambiente corporativo é o treinamento dos líderes e gestores para a percepção de sinais de possíveis desordens e a adesão à uma cultura humanizada, a fim de trazer apoio emocional entre colaboradores e equipes, sobretudo o respeito entre seus pares.

Contar com um código de conduta condizente, realizar palestras eventuais, treinamentos sobre saúde mental e oferecer atividades para a promoção do bem-estar são passos importantes para uma cultura organizacional e a construção de um ambiente saudável entre os colaboradores.

O desenvolvimento de um canal de compliance para que haja a comunicação de eventuais situações causadas pelo ambiente de trabalho e o fomento de conversas sobre o tema também é importante para que a empresa construa diálogos, não apenas no mês de setembro, mas ao decorrer do ano, vez que o tema “saúde mental e qualidade de vida no ambiente laboral” deve perdurar sempre.

Quando os sinais de burnout se tornam mais intensos, buscar apoio profissional é fundamental. Isso pode envolver a consulta com um profissional especializado em saúde mental no ambiente de trabalho. Reconhecer a necessidade de ajuda, para escuta e encorajamento para melhorias, não é um sinal de fraqueza, nem ao empregado fragilizado, nem ao empregador, mas sim de inteligência emocional da gestão e responsabilidade com a função social da empresa.

A crescente ocorrência de casos de burnout é um alerta para a importância de priorizar a saúde mental no mundo dos negócios. Ao adotar medidas que promovam equilíbrio, cultura de apoio, definição de limites e autocuidado, os empresários podem se proteger de forma proativa. Ao fazer isso, possibilitam bases sólidas para o sucesso duradouro de suas empresas.

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