A edição 2023 do Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça, realizada entre os dias 16 e 20 de janeiro, dentre vários assuntos extremamente relevantes, também colocou a segurança cibernética no centro das discussões. E a mensagem não foi das melhores.
Em painel dedicado ao tema foi divulgado o relatório “Global Cybersecurity Outlook 2023”, documento que examinou as tendências de segurança cibernética que afetarão economias e sociedades nos próximos anos.
Participaram desse encontro em especial Jeremy Jurgens, CEO do Fórum Económico Mundial em Genebra; Julie Sweet, CEO e Presidente da Accenture; Jürgen Stock, Secretário-Geral da Organização Internacional de Polícia Criminal (INTERPOL); e Edi Rama, Primeiro-Ministro da Albânia.
O relatório revelou que 86% dos líderes empresariais acreditam que a instabilidade geopolítica global é moderada ou que muito provavelmente nos levará a um evento cibernético catastrófico nos próximos dois anos.
Esse temor é alimentado por conflitos armados, como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que trouxe uma série de ataques cibernéticos entre os dois países, mas também por conflitos ideológicos e comerciais, como rivalidades entre potências econômicas e tecnológicas do ocidente e oriente.
O relatório indicou ainda que 43% dos líderes empresariais acreditam que os ataques cibernéticos terão um impacto material em suas organizações, mas, ainda assim, apenas 27% deles acham que alcançaram a resiliência cibernética, ou seja, estariam preparados para um ataque. 73%, portanto, se veem despreparados.
Outro dado interessante é a falta de habilidades em segurança cibernética, com 34% dos entrevistados dizendo que há lacunas de habilidades em suas equipes, e 14% dizendo que carecem de habilidades específicas para proteger suas organizações.
E se o primeiro front de resistência a uma ameaça cibernética está despreparado, o que imaginar do back office, que diariamente conduz atividades dependentes do bom funcionamento de equipamentos, redes, sistemas integrados e plataformas digitais?
Se incidentes de segurança ameaçam Estados, como o caso da Albânia, vítima em 2022 de um ataque atribuído ao Irã, o que pensar de empresas, órgãos públicos, autarquias, todo um setor importante da economia estruturado em ambientes web, aplicativos e colaboradores à distância?
O tempo para se pensar na segurança cibernética é agora, e não só pelo viés operacional da tecnologia da informação, mas por todos os departamentos de uma empresa, pois a continuidade de um negócio pode estar diretamente relacionada à capacidade de evitar e superar uma ameaça digital.