No Dia Global da Ética, refletimos sobre os desafios éticos trazidos pela Inteligência Artificial (IA), especialmente no que diz respeito ao seu uso por indivíduos e empresas. À medida que a IA se torna parte cada vez mais presente em nossas vidas, é essencial não apenas desenvolver essas tecnologias de forma responsável, mas também assegurar que empresas e seus colaboradores estejam preparados para utilizá-las de maneira ética e apropriada.
O uso ético da IA começa com o comportamento dos próprios usuários. Muitos sistemas de IA são alimentados por decisões humanas em suas fases de aplicação, e isso requer um compromisso por parte de quem os utiliza. Não basta confiar cegamente nos algoritmos, é necessário entender as limitações dessas ferramentas e as possíveis implicações de suas decisões. Se os usuários não souberem como utilizar a IA corretamente, há o risco de perpetuar discriminações, preconceitos, vazamento de dados ou tomar decisões incorretas que podem impactar negativamente pessoas e negócios.
A ausência de políticas claras de uso de IA e a falta de treinamentos adequados deixam as empresas vulneráveis a uma série de riscos significativos. Sem essas diretrizes, os colaboradores podem utilizar a IA de maneira inadequada, expondo a organização a consequências legais, como violações de privacidade, discriminação e decisões automatizadas equivocadas que podem prejudicar indivíduos ou grupos. Além disso, a falta de controles pode comprometer a reputação da empresa, gerando desconfiança por parte de clientes, parceiros e investidores.
Assim, garantir que os usuários sejam devidamente capacitados para usar a IA de forma responsável é uma das principais estratégias para mitigar riscos.
Para tanto, recomenda-se o investimento em análises aprofundadas do uso de IA em suas atividades empresariais, mapeando potenciais riscos por meio de entrevistas com as equipes, avaliação detalhada dos processos e identificação de dependências de IA em setores estratégicos.
Paralelamente, as empresas devem dar especial atenção a programas de treinamento que eduquem seus colaboradores sobre os riscos éticos relacionados ao uso da IA, como a manipulação de dados enviesados, a falta de transparência nos processos de decisão automatizada e os riscos de vazamentos de dados estratégicos e dados pessoais de colaboradores e terceiros, razão pela qual recomenda-se que o TI e o Encarregado pela proteção de dados na empresa estejam sempre envolvidos no desenvolvimento e adesão de ferramentas baseadas em IA.
Conscientização sobre o poder da IA é essencial para que os usuários saibam distinguir entre o que é considerado um uso responsável e o que constitui um abuso ou uso inadequado da tecnologia.
Por sua vez, no uso ético da IA passa pelo desenvolvimento e implementação de políticas corporativas que orientem os colaboradores sobre a conduta adequada. Essas políticas devem deixar claro o que é considerado um uso aceitável da IA e quais práticas são proibidas. Além disso, é essencial que essas diretrizes sejam revisadas e atualizadas continuamente para acompanhar as evoluções tecnológicas e as mudanças nas regulamentações.
Por fim, para garantir que o uso da IA seja seguro e ético, recomenda-se que as empresas conduzam avaliações de risco periódicas. Tais avaliações devem abranger tanto os riscos técnicos quanto os riscos éticos, identificando possíveis pontos vulneráveis, como a utilização de dados sensíveis ou a automatização de processos críticos sem supervisão humana adequada, além de análises preditivas com premissas eventualmente equivocadas.
O uso da IA deve sempre estar vinculada a uma abordagem humana, especialmente por parte dos usuários que interagem diretamente com essas ferramentas.
Fato é que as empresas que liderarem essa mudança da maneira correta, criando uma cultura de responsabilidade no uso da IA, estarão melhor posicionadas para enfrentar os desafios que o futuro trará, promovendo transparência e mitigando riscos em suas operações.