Apesar de eventos de desconfiança em relação às práticas ESG (Environmental, Social, and Governance), muito em razão de condutas enquadradas como greenwashing, uma matéria publicada pela FIA Business School revela que 75% dos investidores ainda levam em consideração os fatores ESG ao tomar decisões de investimento. Nesse cenário, a governança corporativa se destaca como um elemento essencial para fortalecer a confiança dos investidores, trazendo benefícios significativos para as organizações que buscam atrair capital e investimentos. Mas, afinal, o que é governança corporativa e por que uma boa governança é tão importante para consolidar essa confiança?
Segundo o Código de Melhores Práticas do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a governança corporativa é um sistema de princípios, regras, estruturas e processos pelos quais as organizações são dirigidas e monitoradas, com o objetivo de gerar valor sustentável para todas as partes interessadas, os chamados stakeholders.
A ética é o pilar fundamental da governança corporativa e sustenta os cinco princípios essenciais reconhecidos pelo IBGC e por outros códigos globais: integridade, transparência, equidade, responsabilidade e sustentabilidade.
Assim, ao analisar uma empresa-alvo, o investidor avalia rigorosamente esses princípios, além das regras, estruturas e processos de governança, considerando questões como: quem são os sócios? Quem são os sócios controladores? Quem são os administradores? A empresa possui conselhos? Quem monitora a administração? Como os administradores são remunerados? Quais são os órgãos de fiscalização e controle existentes na empresa?
Para o investidor, quanto mais estruturada for a governança adotada pela empresa-alvo, menor será o risco do investimento, aumentando, assim, as chances de retorno. Afinal, o investidor tende a preferir aportar seu capital em uma empresa na qual os agentes de governança, que ocupam a estrutura de governança, demonstrem integridade, atuem com transparência, justiça, diligência, responsabilidade e se preocupem em minimizar externalidades negativas para seus stakeholders.
A estrutura de governança, que inclui o conselho de administração, comitês de assessoramento, áreas de controles internos, gerenciamento de riscos e compliance, é igualmente relevante para o investidor, pois institui mecanismos que buscam evitar a violação dos princípios da governança corporativa.
Naturalmente, um investidor profissional e consciente não exigirá que uma startup ou um pequeno negócio tenha uma estrutura de governança complexa, tal como uma companhia listada no Novo Mercado da B3. Cada caso deve ser avaliado individualmente, sempre buscando o melhor para a empresa e seus stakeholders.
A equação final é clara: uma boa governança fortalece o ESG, que, por sua vez, atrai investimentos. Por isso, é crucial que sócios e administradores reflitam sobre a estrutura de governança corporativa atual e a qualificação dos agentes que a compõem, de modo a tornar a empresa atrativa, facilitando a captação de recursos.
Bibliografia:
Fundação Instituto de Administração (FIA). ESG: o que é e por que as empresas estão cada vez mais adotando a prática? FIA Blog. Disponível em: https://fia.com.br/blog/esg/. Acesso em: 4 set. 2024.
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa – 6. ed. – IBGC. – São Paulo, SP: IBGC, 2023.
MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇOS. Brasil foi o 2º principal destino de investimento estrangeiro em 2023, revela OCDE. Disponível em: https://www.gov.br/mdic/pt-br/assuntos/noticias/2024/maio/brasil-foi-o-2o-principal-destino-de-investimento-estrangeiro-em-2023-revela-ocde. Acesso em: 4 set. 2024.