OS DESAFIOS DE COMUNICAR E TREINAR EM UM PROGRAMA DE COMPLIANCE EFETIVO

Por mais que uma empresa possua um Programa de Compliance robusto, um Código de Conduta moderno e atualizado, políticas e procedimentos implementados, ferramentas e sistemas, investimento em comunicação e treinamento são essenciais para a conscientização interna e externa em temas de Compliance.

É importante ressaltar que o ato de “Comunicar” não consiste somente na publicação de comunicados e banners. Comunicar envolve o tom da alta liderança, o tipo de suporte que a equipe de Compliance presta aos funcionários da empresa, a inclusão de temas de Compliance em reuniões como pauta obrigatória, telas de fundo de computadores, mensagens em assinatura de e-mail, etc. A ação de comunicar envolve, inclusive, o senso de pertencimento, uma mensagem sobre ética que é enviada ou expressada de maneira espontânea, séria e que possa ser multiplicada como um exemplo dentro e fora da empresa.

Comunicar é deixar clara a disponibilidade da equipe de Compliance para qualquer tipo de suporte, a qualquer momento, e sem receio de que a pergunta faça ou não sentido. Comunicar significa dar conforto aos funcionários da empresa de que todos estão engajados para um mesmo propósito, em fazer a coisa certa.

Dessa forma, comunicar significa demonstrar para a sociedade e parceiros de negócios a disponibilidade para uma troca de conhecimento sobre ética e programas de conformidade. Trata-se de uma conscientização sobre a necessidade de disseminação sobre temas de ética e Compliance para um futuro melhor para as próximas gerações. Não basta incluir cláusulas de conformidade ou exigir a realização de cursos pelos parceiros. É preciso também praticar o ato de conscientização sobre a importância de se fazer negócios de maneira ética.

Treinar, por sua vez, vai muito além de “encher” uma sala de aula, um auditório ou uma reunião virtual, com participantes estando presentes porque se trata de um “treinamento obrigatório”.

Um treinamento efetivo deve ser aquele esperado, em que há algo novo a ser falado, aquele em que o palestrante tem o “dom” de comunicar e conseguir trazer temas de ética e Compliance para a realidade da empresa, mas também de poder tocar os participantes para que eles tenham orgulho da empresa onde trabalham.

Recomenda-se, portanto, que os treinamentos sejam participativos, práticos e com elementos que tragam a conscientização sobre os riscos envolvidos naquele tema tratado, mas ao mesmo tempo com o estabelecimento de uma parceria sobre a possibilidade de serem mitigados, de se dizer “Sim” para prosseguir em um determinado negócio, patrocínio ou relacionamento comercial, com a certeza de que aquele “Sim” foi seguro para todos os envolvidos.

Em outras palavras, a existência de comunicação e treinamento deve ser pautada na excelência, na verdade e no conforto em se dizer “Não” quando for necessário.

O treinamento e a comunicação efetivos preparam os funcionários para não se sentirem constrangidos em situações em que dizer “Não” é o melhor caminho. Um “Não” respaldado na certeza de que foi a coisa certa a ser feita.

Portanto, a melhor maneira de inserir os valores éticos da empresa todos os dias no ambiente de trabalho é por meio de comunicação e treinamentos efetivos, sempre considerando o público, o momento, a forma adequada de acessar a todos e a mensagem principal a ser passada.

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