TRABALHO REMOTO E MATERNIDADE: QUAIS SÃO OS REFLEXOS PARA O EMPREGADOR?

A relação entre o trabalho remoto e a maternidade é um tema de grande relevância no contexto atual, em que a flexibilização do trabalho e a busca por equilíbrio entre vida pessoal e profissional têm sido cada vez mais valorizadas. O trabalho remoto nas modalidades de teletrabalho ou home office permite que os profissionais exerçam suas atividades laborais fora do ambiente tradicional de trabalho, utilizando recursos tecnológicos e de comunicação para realizar suas tarefas de suas próprias casas ou de qualquer outro local.

De acordo com pesquisa feita pela FGV IBRE, no âmbito empresarial, com a flexibilização do trabalho remoto, as empresas reportam 23% de aumento médio na produtividade em outubro de 2022. Além disso, a adoção do trabalho remoto cresceu nas áreas operacionais de 1,1 dia por semana em 2021 para 1,6 dia em 2022 e a perspectiva é que fique em 1,4 dia no futuro.

No caso específico das mulheres que são mães, o teletrabalho pode representar uma alternativa interessante, pois proporciona maior flexibilidade no cotidiano familiar. A possibilidade de realizar o trabalho a partir de casa pode facilitar a conciliação entre as demandas profissionais e as necessidades dos filhos, especialmente nos primeiros anos de vida, em que a presença materna é particularmente importante.

No entanto, é importante ressaltar que o teletrabalho não exime as empresas de suas responsabilidades para com as trabalhadoras mães em licença-maternidade. Mesmo quando o trabalho é realizado a distância, é necessário garantir condições adequadas para o exercício das atividades, além de assegurar a proteção à saúde e à segurança no ambiente de trabalho, tanto para a mãe quanto para o bebê.

Do ponto de vista jurídico, a legislação trabalhista prevê que o teletrabalho não altera a natureza do contrato de trabalho, ou seja, o trabalhador ainda possui todos os direitos previstos na CLT como a licença-maternidade, férias, 13º salário, repouso semanal remunerado e aposentadoria..

Além disso, é essencial que as empresas estejam atentas à necessidade de promover uma cultura organizacional inclusiva, que valorize a diversidade e a igualdade de oportunidades. Isso implica em adotar políticas e práticas que facilitem a conciliação entre trabalho e família, possibilitando às trabalhadoras mães o pleno exercício de suas atividades profissionais, sem prejuízo de suas responsabilidades maternas.

Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto DataSenado, além de uma maior produtividade em decorrência do teletrabalho, os resultados elencaram outras vantagens dessa modalidade de serviço. De acordo com os entrevistados, 28% apontaram a flexibilidade de horário como um benefício, 24% a possibilidade de ter mais tempo para a família, e o não deslocamento até o trabalho, também, 12% suscitaram a diminuição de despesas. Concomitantemente, a pesquisa mostrou que 49% dos trabalhadores remotos perceberam aumento no nível de bem-estar pessoal e, para 48%, o ambiente familiar melhorou.

É inegável que conciliar o trabalho remoto com a maternidade pode ser desafiador, pois muitas mães se sentem divididas para manter a rotina normal de atividades no trabalho ao mesmo tempo em que exercem seu papel familiar. Porém, apesar dos eventuais obstáculos, o que se verifica, normalmente, é a boa fluência e coexistência desses dois universos, que podem ser bem interligados, especialmente quando a empresa proporciona equipes bem integradas e com bons valores institucionais.

Em resumo, a relação entre teletrabalho e maternidade envolve a proteção dos direitos das trabalhadoras mães, assegurando igualdade de tratamento e oportunidades, bem como condições adequadas para o exercício do trabalho remoto. É fundamental que as políticas organizacionais estejam alinhadas nesse sentido, promovendo a conciliação entre vida profissional e familiar e, como resposta, o comprovado aumento de produtividade já experienciado no mercado de trabalho, com trabalhadoras mais motivadas e reconhecidas.

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