Um programa de compliance é composto por vários pilares que são importantes para sua efetividade, aplicabilidade e cumprimento. Todos esses pilares visam, sempre, prevenção, detecção e resolução.
Para que a área de compliance possa assegurar que todos os pilares estão sendo observados, aplicados e cumpridos, é necessário que a mentalidade e conduta ética estejam alinhadas com a cultura corporativa da empresa, com seus valores.
O desafio, para o time de compliance, é fazer com que sejam vistos como parceiros e não como polícia, fiscal ou até mesmo aqueles que “irão empacar os negócios”.
Quantas vezes os profissionais que atuam na área ouviram algum comentário como: “Ih, teremos que envolver compliance para analisar esse tema, e com certeza levará um tempão para termos a resposta e será tudo burocrático!”
Para que o time de compliance seja visto de maneira positiva, para que seja criado um senso de pertencimento para todos os funcionários da empresa, com o objetivo de que compliance seja responsabilidade de todos, é necessário um trabalho com muita dedicação, proximidade, conversa, comunicação efetiva e treinamento.
Os profissionais da área de compliance devem aproveitar cada segundo junto às demais áreas para que prestam suporte para plantar uma sementinha de comunicação positiva, favorável, conscientizadora e com o objetivo comum de “Fazer o certo porque é a única coisa a ser feita”.
Contudo, esse trabalho de plantar e colher os frutos não pode ser somente da área de compliance! É necessário uma ação conjunta, e uma estratégia efetiva que poderá ser utilizada pelas empresas é a implementação de “Programas de Multiplicadores de compliance, embaixadores, agentes, partners, etc.”.
Não importa o nome, o que importa é que a área de compliance tenha parceiros, diretamente nas áreas de negócios, que estejam à disposição de todos para orientar, ouvir e relatar temas envolvendo conformidade.
Para implementar um “Programa de parceiros de compliance” efetivo são necessários alguns requisitos, como por exemplo, implementar uma cultura de “voluntariado”, ter pessoas que possuem um skill de comunicação aberto e próximo, que acreditem no Programa de Conformidade da empresa e que estejam dispostas a ajudar.
Observar o dia a dia da companhia é muito importante para um correto entendimento sobre o comportamento das pessoas, mudanças necessárias e como construir um cenário ideal de compliance. Tal observação não é possível de ser realizada 100% pela área de conformidade e um Parceiro estará mais próximo das áreas de negócios e conhecerá efetivamente os riscos envolvidos nas relações existentes e, portanto, poderá apoiar de uma maneira muito próxima todos os outros funcionários que possam ter dúvidas ou dilemas éticos no dia a dia.
A área de compliance, por outro lado, a fim de conseguir proximidade e conquista de voluntários para serem “Parceiros de conformidade”, precisa estar disponível sempre, provendo treinamento, preparação e conquista daqueles que se candidatarem, além, é claro, de encontrar maneiras de reconhecimento dos parceiros que se destacarem em suas atividades de suporte em temas de compliance.
Outro desafio é demonstrar que ser um “Parceiro de compliance” irá agregar no crescimento profissional do funcionário, não irá atrapalhar nas suas atividades diárias, porque as atividades a serem executadas serão part time e que efetivamente será um diferencial em sua carreira.
Com isso, todos ganham, o time de conformidade, todos os funcionários da empresa, o próprio “parceiro de compliance” e a empresa como um todo.
Com certeza um “Programa de parceiro de compliance” efetivo trará frutos positivos e, se bem implementado, claro e organizado, poderá ser um radar, um termômetro e até mesmo mais um canal de comunicação para todos os funcionários buscarem auxílio em caso de dúvidas e reporte de não conformidade.
ELIZABETH AMORE